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terça-feira, 2 de setembro de 2008

Bússula

Cansada de acordar com a mesma expressão na cara.
Como se o dia de hoje fosse igual a tantos outros, apesar de nem ter ainda dado nada de si.
O sol é o mesmo, a mesma rotina.
Está tudo como ontem foi deixado, e nem sei em que posição é que isso me coloca, só sei que preciso de me libertar, ser eu mesma, mas deixar de o ser.
Preciso de sair daqui, mas quero levar tudo comigo.
Sorrir mas ter razões para isso, e deixar de fingir que está tudo bem, só por acreditar que se trata de uma situação passageira, quando ninguém tem a certeza disso.
Estou cansada de dar tudo de mim e não ver nada em troca, como se o que eu tivesse dado valesse zero. Será que de facto vale? Será que trata-se apenas de uma falta de visão e de sintonia com o mundo exterior ao meu ser? Nem isso sou, sinto-me um vulto sem cara no meio de uma multidão, onde ninguém repara em ninguém, são apenas fantasmas a vaguear pela rua, cada um com a sua bússola interna, e eu sem saber onde é o Norte, e sem saber onde é que estou.
Abro os olhos para tentar aperceber-me, mas nem sei em que direcção olhar.
Sinto-me minúscula, a minha vontade, de nada conta.
As minhas palavras nada atingem.
Os meus gestos nada fazem.
Mexo-me no escuro do silêncio, só eu sei o que estou a fazer, só eu consigo ter percepção do que sou, quero e faço.
Sinto-me numa sala vazia, e mesmo assim, será que ando aos encontrões no escuro?
Mesmo que assim não o fosse, nunca me cruzo contigo, apenas sinto, nada vejo.
Preciso de uma bússola, a minha cabeça desmagnetizou-se…


Raquel Aquino – 17 de Janeiro de 2008

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